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“A exportação está sendo até uma surpresa favorável”

“A exportação está sendo até uma surpresa favorável”
segunda-feira | 19/06/2017

A produção de melão do Rio Grande do Norte engatou crescimento neste ano e poderá recobrar a liderança de mercado, em exportações, posto que havia perdido para o Ceará. O cenário para o setor foi um dos temas abordados pelo empresário Luiz Roberto Barcelos nesta entrevista à TRIBUNA DO NORTE. Presidente do Comitê que reúne exportadores e sócio de uma das gigantes do setor, ele também aponta a Ásia como “a nova meta de exportação” do melão potiguar e faz projeções para a safra. Faz, ainda, um balanço da Expofruit, feira internacional, realizada em Mossoró. O evento, segundo Barcelos, “foi um sucesso” e ajudou a encurtar distâncias entre produtores e supermercados. Confira:

Como tem sido o ano para produção e exportação de melão no Rio Grande do Norte? Há dificuldades ou o momento é favorável?

As exportações este ano estão indo muito bem, está sendo até uma surpresa favorável. Nas quatro primeiras semanas de safra exportação, até a semana passada, tivemos um aumento de 20% no volume se comparado ao mesmo período do ano passado. Isso ocorreu por dois motivos: estamos tendo uma produtividade mais alta, devido um equilíbrio fitossanitário melhor, estamos com menos praga. Por outro lado, o calor recorde na Europa gera um aumento na demanda por frutas. Estamos conseguindo uma boa performance quanto a isso.

Qual a expectativa para a safra deste ano? Haverá crescimento, queda ou estabilidade?

Obviamente não vamos manter a expectativa nesses níveis de 20% de crescimento. A partir do mês de outubro a produtividade deve voltar a normalidade, com áreas já colhidas, outras ‘velhas’ e um pequeno aumento nas pragas; assim voltamos ao patamar de 25 toneladas por hectare cultivado. A partir de outubro o calor também começa a diminuir na Europa, e isso influencia no consumo. Mesmo com o aumento da temperatura no Brasil acreditamos que, de um modo geral, a demanda não estará no mesmo nível que temos hoje (final de agosto e mês de setembro). De qualquer maneira, a previsão é um incremento de 10% no volume de exportação com relação ao ano passado nesse mesmo período – a rentabilidade que deve baixar um pouco, em torno de 15%, por conta da variação do dólar nesse período.

A oferta de água reduzida no Ceará levou a Itaueira, que se apresenta como uma das grandes do setor, a migrar para o RN. Foi um caso isolado ou esse tipo de movimento tem sido uma tendência? Que impacto traz para a economia dos estados envolvidos e para o setor também?

A (empresa) Itaueira, que produzia bastante no Ceará, e também no Piauí e Bahia, não está podendo usar água no Vale do Jaguaribe, região de Aracati (CE). Por isso, se transferiu aqui para o Vale do Açu. E não é um caso isolado: a própria Agrícola Famosa, que já tem uma presença consolidada aqui no RN, também parou de produzir no Jaguaribe e está aumentando sua produção na região de Apodi. O Ceará não dispõe do mesmo potencial hídrico que os aquíferos do RN proporcionam. O impacto dessas mudanças é o aumento da produção local: enquanto o crescimento médio geral deve ficar em 10%, no RN, com a transferência da produção cearense para cá, esse índice deve passar de 20%. Significa mais emprego gerados na região e mais divisas que deverão aquecer a economia do Estado.

Há planos para ampliar a produção no RN?

Na medida que a Agrícola Famosa diminui a área cultivada no Ceará, cresce o plantio no RN: já estamos trabalhando em Apodi, Afonso Bezerra e já adquirimos áreas no Vale do Açu para iniciar a produção no próximo ano. Em Apodi chegamos forte, gerando 650 empregos diretos. Com esse remanejamento, o número de unidades de produção permanece estável: 16.

O RN havia perdido o posto de maior exportador de melão para o Ceará. Esse deve mudar com a migração de unidades de produção?

Os números de 2015 indicaram uma exportação no Ceará de 118 milhões de dólares e no RN de US$ 95 milhões. Acredito que o RN está muito próximo de retomar a liderança no volume de exportações de melão no Brasil – se isso não ocorrer esse ano, certamente irá acontecer em 2017. De qualquer forma os números de 2016 serão bem próximos.

A Expofruit foi realizada esta semana, em Mossoró, e tinha como meta movimentar R$ 40 milhõoes em negócios. Esse resultado foi alcançado?

A meta (de R$ 40 milhões) foi atingida com facilidade, muita gente participando da feira e todos elogiando muito. Empresas novas vindo conhecer, todos os estandes vendidos com antecedência e aumentamos a área da feira em 20%. O setor cresceu nos últimos anos, e como não tivemos problemas de inadimplência os fornecedores animaram de vir participar. A feira, realmente, foi um grande sucesso.

O Sebrae divulgou que haveria uma forte presença de supermercados, tanto na rodada de negócios quanto em outros aspectos da programação da Expofruit. Esse mercado já é completamente acessível para os produtores do RN ou há dificuldades?

O Sebrae-RN, nosso parceiro na Expofruit, trouxe representantes de supermercados para estreitar esse contato com os produtores. As grandes redes já compram direto, as redes um pouco menores e de médio porte ainda se abastecem nos atacados ou no Ceasa. Eliminando um atravessador, aumenta a rentabilidade e todos ganham: quem vende e quem compra.

Que novos mercados o melão potiguar buscar e quais são os desafios para conquistá-los?

A nova meta de exportação do mercado de melão no RN é a Ásia. Já abrimos o mercado no Japão, fizemos alguns embarques via aérea pra eles, estamos acertando os últimos detalhes com o governo do Vietnã para preparar os primeiros envios, e estamos aguardando a abertura do mercado chinês. Esse sim uma grande expectativa pelo potencial: a população da China é enorme e são pessoas acostumada a consumir melão e melancia – eles têm uma produção boa no verão, e a ideia é abastecer o país durante o inverno. Dependemos de apoio do governo Federal para negociar essa parceria com a China, e de uma análise de risco de pragas: o país que vai receber nossos produtos mandam técnicos para examinar nossa produção. Como estamos habituados a enviar para mercados bastante exigentes não teremos dificuldade em atender qualquer medida.

Havia a expectativa de vender aos Estados Unidos, como está isso?

Ainda não conseguimos alcançar os Estados Unidos, temos uma barreira tarifaria de 28% sobre o melão. Precisamos de mais apoio político para conseguir uma redução que torne nosso produto mais competitivo. Como o Brasil está negociando a importação de trigo com redução de imposto, incluímos um pedido de contrapartida para que analisem a exportação da fruta com uma alíquota menor.

O consórcio Inframérica, que administra o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, divulgou que o aeroporto do RN assumiu a liderança, no Nordeste, das exportações por via aérea e as frutas são os principais produtos exportados. É um meio de exportação completamente destravado ou há dificuldades?

Esse modal aéreo é pouco utilizado, mas temos novas oportunidades de negócios, principalmente em relação ao mamão que pode ser colhido um pouco mais maduro, mais saboroso, e por via aérea o produto consegue chegar bem. É um produto mais caro, diferenciado, mas existem nichos de consumo. O melão com um alto teor de açúcar, mais maduro, também está encontrando seu espaço. Nesses pontos o modal aéreo ajuda muito, por isso essa liderança no volume de exportações do aeroporto de Natal/São Gonçalo do Amarante. Não estou falando de grandes quantidades, são nichos e a tendência é aumentar a participação desse modal aéreo.

Qual é a tendência para as exportações aéreas?

A tendência é aumentar, não tenho dúvida que novos produtos podem ser plantados para utilizar esse modal. Várias outras frutas, que têm uma pós-colheita mais curta, passam a ter potencial para crescer com essa nova possibilidade de transporte.

Quais são as vantagens e as desvantagens em relação ao transporte por navios?

A vantagem é o tempo de viagem, faz com que a fruta chegue mais fresca, mais saborosa sem precisar colher com muita antecedência. A desvantagem é o preço, por quilo é de 10 a 12 vezes mais caro que o transporte marítimo.

O carro chefe da Agrícola Famosa são as frutas frescas, notadamente o melão, seguido de melancia, mamão e banana: há planos para instalação de indústria de polpa de fruta? E a meta de ocupar uma área de 17,4 mil hectares com esses quatro produtos até 2022 segue o planejado?

Nosso foco está concentrado na produção de melão (carro chefe da Agrícola Famosa), seguido da melancia, e hoje temos uma boa produção de banana e mamão formosa. Também estamos investindo no aspargo, abacaxi e maracujá, produtos que podem ser vendidos em grande escala para justificar os investimentos. O plano de crescimento está mantido, estamos chegando a 9 mil hectares e nos próximos anos devemos chegar a 20 mil hectares. Por enquanto não há previsão para instalação de uma indústria de polpa, pelo menos não a curto ou médio prazos.

A diversificação do negócio da Agrícola Famosa inclui criação de gado, tilápia e camarão-grande-da-malásia. Como anda os investimentos nessas áreas?

Temos ampliado os investimentos, mas é só para atender o mercado local. A empresa possui mais de 4 mil cabeças de gado que se alimentam dos restos da cultura de melão, e isso ajuda na parte de limpeza da fazenda: por exemplo, ao invés de vender frutas fora dos padrões de exportação comercializamos leite e carne. Nossa intenção é dobrar o rebanho nos próximos cinco anos. Também estamos com 82 tanques de tilápia, que produz 10 toneladas semanais; a criação de camarão está em fase de testes.

quem
Luiz Roberto Barcelos, 51, é diretor institucional e sócio fundador da Agrícola Famosa. Advogado por formação, graduado em Direito pela USP, nasceu em Colina (SP) e está na região Nordeste há 22 anos. Começou a trabalhar com produção de frutas em 1995, quando fundou a Famosa – atualmente a empresa possui quatro sócios. Barcelos é presidente do Comitê Executivo de Controle da Mosca-da-fruta (COEX) em Mossoró; presidente da Abrafruta (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas, com sede em Brasília); e presidente da Câmara Setorial de Fruticultura do Ministério da Agricultura.

Agrícola Famosa

Maior produtora de melão do mundo, maior exportadora de frutas frescas do Brasil e a maior empregadora de agroindústria do País, a Agrícola Famosa consolidou sua produção no Rio Grande do Norte e atualmente gera em torno de 8,5 mil empregos diretos. Os números são superlativos: a empresa produz anualmente 250 mil toneladas, 60% dessa produção destinada ao mercado internacional, e até o fim do mês de outubro o número de postos de trabalho direto deve chegar a 9 mil. O RN é responsável por 65% de toda a produção da Famosa, que também cultiva frutas no Ceará e em Pernambuco.

A projeção de Barcelos é que a empresa registre um crescimento de 10% em 2016 com relação ao ano passado. “Nossa meta é ampliar o cultivo de mamão e banana, crescer em 30% a plantação de abacaxi e aspargos, e 10% a de melão”, adiantou. O foco da Famosa está concentrado na produção de melão (carro chefe), seguido de melancia, banana e mamão formosa. “Também estamos investindo no aspargo, abacaxi e maracujá, produtos que podem ser vendidos em grande escala para justificar os investimentos. O plano de crescimento está mantido, estamos chegando a 9 mil hectares cultivados e nos próximos anos devemos chegar a 20 mil hectares. Por enquanto não há previsão para instalação de uma indústria de polpa, pelo menos não a curto ou médio prazos”, disse Luiz.

Fonte: Tribuna do Norte

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